domingo, 16 de agosto de 2009

“Petição Pela Valorização do Pontal”

Destinatários: Câmaras e Assembleias Municipais de Faro e Loulé e Parque Natural da Ria Formosa/ICNB

“Petição Pela Valorização do Pontal” 

Partilhada pelos concelhos de Faro e Loulé, a Mata do Pontal tem uma área de 627 hectares e constitui um conjunto de ecossistemas de enorme valor natural e paisagístico. Contém uma das maiores manchas florestais de pinhal de uso múltiplo do litoral algarvio e a maior dos concelhos. Constitui igualmente uma das áreas de maior valor natural e paisagístico da orla terrestre do Parque Natural da Ria Formosa (PNRF), compreendendo ecossistemas e uma biodiversidade com valores naturais excepcionais como várias espécies animais e vegetais em grande risco de extinção e algumas únicas a nível mundial, onde se inscreve a Tuberaria Major. Estando inserida no PNRF, partilha com este uma grande sensibilidade ecológica e o respectivo estatuto de protecção internacional através de várias classificações como a de Parque Natural, Zona de Protecção Especial (directiva Aves), Sítio de Interesse Comunitário (directiva Habitats), Convenção de Ramsar (zonas húmidas) e Convenção de Berna (vida selvagem e ambiente).

Não obstante a sua importância, esta zona concentra desde há muito em seu redor uma enorme pressão imobiliária, a qual levou já ao desaparecimento de parte da área florestal original para dar lugar a empreendimentos turísticos e campos de golfe. De igual forma, devido a negligências e inércias de vária ordem, a Mata do Pontal continua a ser alvo de acções não compatíveis com os valores naturais em presença, as quais têm contribuído para a sua degradação.

Apesar disso, o facto desta área florestal se encontrar ainda num razoável estado de preservação e de apresentar uma fraca ocupação humana, faz dela um espaço natural único, e, sem dúvida, uma área de grande potencial para a conservação da Natureza e desenvolvimento sustentável, através de funções culturais, científicas, de manutenção da saúde, de educação e sensibilização ambiental, de lazer e mesmo económicas para as populações locais, desde que compatibilizadas com os valores naturais em presença. 

Esta requalificação do espaço natural e a implementação de estruturas com vista à criação de áreas compatíveis com o seu usufruto de forma ambientalmente sustentável pelas populações, vai também constituir uma atracção para as cada vez maiores faixas de turistas que procuram o Turismo de Natureza. A criação e gestão sustentável deste espaço também vai garantir que este recurso ambiental de enorme valor vá permitir o seu usufruto tanto pelas gerações actuais como pelas futuras.

Perante os factos acima referidos, vêm os abaixo assinados apelar às entidades referidas que seja criado o Parque Ambiental do Pontal, assegurando desta forma a defesa do interesse público da Mata do Pontal, salvaguardando a valorização dos seus ecossistemas, biodiversidade e paisagens e levando a que a população possa justa e finalmente usufruir em pleno direito de todo o potencial contido neste seu património.
.

2 comentários:

  1. Não chega pedir a preservação da mata é necessário, em simultâneo, apresentar projectos de utilização da mesma, preferentemente na tal vertente do turismo de natureza. Na verdade apesar de todos os defeitos que se possam ver nos campos de golfe e urbanizações são essas zonas presizamente as únicas em que todos podemos desfrutar da paisagem e onde os animais foram mais protegidos tendo aumentado o número de aves nos últimos anos, e muito, em relação ao início dos anos 80 quando conheci o Ludo e zonas limítrofes.
    Na zona ainda "livre" veem-se cartuchos de caça, lixo e montes de ferro-velho, temos de nos afastar dos motoqueiros com motos de cross ou de 4 rodas e quase todos os anos surgem incêndios.
    Para ficar assim livre sinceramente prefiro os campos de golfe até porque os ricos das urbanizações recebem bem e sem restrições os passeantes.

    ResponderEliminar
  2. A Petição foi o acto inicial desta nova fase do MDP. Está a ser ultimado um projecto de intervenção, que terá naturalmente que ser negociado e acordado, assim como outras iniciativas e documentos. Considera-se prioritária a limpeza do terreno assim como tentar limitar ou acabar com actividades que colidam com a sensibilidade da zona. Quanto aos campos de golfe, também devemos ter em conta que essa paisagem foi muito artificializada para se encaixar no funcionamento do golfe, a natureza aí aparece como um adereço e uma maquilhagem unicamente para criar vistas agradáveis e bem estar aos praticantes. Só o consumo de água tornam completamente insustentável e inapropriada essas iniciativas, nomeadamente em clima mediterrânico sujeito a um cada vez maior stress hídrico. Recebem bem as pessoas se estiverem de passagem e se mantiverem nas franjas da estrutura, não deixamos de ser marginais ao empreendimento e não o podemos usufruir a não ser visualmente, p.e., não podemos aí fazer um piquenique. E embora nunca venha a apoiar tal escolha, mal por mal, antes os campos de golfe do que o betão puro e duro.

    ResponderEliminar